Milton Nascimento é ignorado pelo Grammy e Esperanza Spalding protesta ao vivo

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Exclusão do artista na premiação gera revolta e lembra episódio histórico em Três Pontas

Milton Nascimento, lenda viva da música brasileira e filho de coração de Três Pontas, foi alvo de um tratamento desrespeitoso no Grammy 2025. Apesar de indicado ao prêmio de Melhor Álbum Vocal de Jazz com Esperanza Spalding pelo disco Milton + Esperanza, o cantor foi excluído das mesas principais da cerimônia realizada em Los Angeles, gerando protestos da artista norte-americana.

Esperanza, que protestou ao vivo exibindo uma placa com a imagem de Milton e a frase “Esta lenda viva deveria estar sentada aqui!”, também se manifestou nas redes sociais:

“Recusaram dar um lugar a Milton na mesa para a cerimônia deste ano. Isso não parece certo para mim. Estou triste que esta lenda viva não tenha sido considerada importante o suficiente para sentar aqui com as estrelas da premiação.”

Injustiça do Grammy contra uma lenda da música

Milton Nascimento e Esperanza Spalding concorriam ao Grammy pelo álbum Milton + Esperanza, lançado em agosto de 2024. Apesar do prestígio da obra, a organização optou por dar um assento apenas para a cantora, enquanto ignorava o brasileiro, que teve papel igual na criação e gravação do projeto.

A indignação de Esperanza foi compartilhada por críticos musicais e fãs. O jornalista Mauro Ferreira, do G1, classificou o ato como “inaceitável”: “Se foi dado um assento a Esperanza Spalding, por que foi negado a Milton o mesmo direito? Não há justificativa para essa exclusão.”

Mesmo perdendo o prêmio para o álbum A Joyful Holiday, de Samara Joy, Milton deveria ter recebido o mesmo tratamento que sua parceira musical, argumentam especialistas.

Exclusão que ressoa em Três Pontas

Para os trespontanos, a exclusão de Milton no Grammy traz ecos de um episódio doloroso e marcante ocorrido na cidade. Em 1967, pouco após conquistar o Brasil com a canção Travessia, o cantor recebeu uma homenagem no clube da cidade — um lugar onde, até então, ele era proibido de entrar devido ao racismo.

Milton, que na infância ficava do lado de fora ouvindo relatos do amigo Wagner Tiso sobre o que acontecia no salão, só compareceu ao evento por insistência de sua mãe, Dona Lilia. Anos antes, seu pai chegou a empunhar um revólver para defendê-lo de ataques racistas na cidade.

Naquele baile histórico, Bituca respondeu ao passado com música, cantando para os que antes o excluíam: “Já não sonho / Hoje faço / Com meu braço / O meu viver.”

Repercussão e protestos ao Grammy

A atitude de Esperanza Spalding recebeu apoio imediato de fãs e músicos, que classificaram o tratamento dado ao cantor como um desrespeito à sua trajetória. Milton, que já venceu um Grammy em 1998 e colaborou com grandes nomes internacionais como Wayne Shorter, foi mais uma vez ignorado injustamente.

O episódio reforça a importância de reconhecer o valor inestimável de Milton Nascimento, que aos 82 anos continua sendo uma referência musical no Brasil e no mundo.

Assim como em Três Pontas, onde superou barreiras com seu talento, Bituca agora enfrenta, mais uma vez, a desconsideração em uma arena internacional. A organização do Grammy permanece em dívida não apenas com o artista, mas com todos que reconhecem sua importância para a música global.

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